Covarde, corri em direção oposta.
Fugia dos olhos que outrora amigos, agora já não mais me sorriam.
Ofereci minha derrota nua.
E chorei por minha culpa.
Sim, chorei por minha culpa.
No peito carregava as dores de um amor desejado e não vivido.
Amor alcançado e destruído.
Insensatez que a razão e a sanidade não podem descrever.
Deixei por um breve momento que a alegria tomasse conta de mim.
Pois sabia que os braços amados viriam em minha direção.
Mas não calculei com precisão os danos que trariam a multidão que me circundava.
Buscava um colo para descansar a cabeça tão sempre perturbada.
Buscava fugir da realidade material do inferno.
Acabei enfrentando os olhos tristes de quem me censurava.
Com sua tristeza fatigada.
Dizer perdão seria pouco?
Mas o que dizer diante de quem magoei?
Me deixei levar pelo encanto único, encanto que nunca antes conheci.
Acrescentaria alguma coisa dizer que meu perdão vem carregado de arrependimento?
Por todo sofrimento, todo mal que causei.
O que senti foi apenas um suave gesto de mãos que tocavam meus cabelos.
Alheio ao corpo físico, apenas sua alma toquei.
Acho que dormi sono breve.
De quem sonha com alguém a lhe proteger.
Hoje acordo com a alma dilacerada.
Que almeja o perdão não merecido, mas suplicado.
Desse sonho só desencanto.
Minha entrega foi em vão.
E o que perdi hoje penso, não paga o preço dessa ilusão.
Queria libertar neste momento minha alma.
Desse tormento.
Dessa ilusão.
Mais sei que ainda insiste em passear em meus sonhos.
A me dizer que nada disso foi em vão.