domingo, 25 de setembro de 2011

Ás vezes eu quero chorar...


Domingo, um dia naturalmente desprendido de grandes emoções.
Acordo com o telefone tocando, um sms dizia:
_ “Bom dia minha linda, beijos”!
Eram realmente os beijos que eu desejava acordar?
Não sei ao certo.
Levanto da cama, pessoas que amo já estão prontas para partir, a casa vai ficar mais vazia, vai estar mais em silêncio, vai estar mais fria.
Meu filho me abraça contente, mãe hoje vou para casa de meu pai, quase posso tocar sua alegria. Seus olhos brilham!
E a casa se preenche de mais vazio, de mais silêncio, de mais frio.
Acabo de fazer aquelas atividades domésticas que dão tanto prazer num dia desses, tomo meu remédio, na verdade são dois comprimidos tão grandes que ainda parecem navegar em meu estômago.
Então vou almoçar, a comida não desce, o silêncio aumenta, o vazio aumenta, a tristeza cresce devagar andando lentamente a meu redor.
Deito em meu quarto, então percebo que sentir é uma coisa localizada entre o fígado, o estômago e o esôfago...
Ás vezes eu quero chorar...ou sumir lentamente até perder a forma física!

PERSUASÃO...


Portas se abrem... Seus olhos passeiam entre mesas e cadeiras vazias. A qualquer momento a multidão pode invadir e quebrar seu silêncio.
As pessoas trazem pequenos sorrisos em seus lábios, lentamente cada cadeira é preenchida por um rosto incomum, conversas, risadas, gritos infantis permeiam entre todos que aproveitam à manhã gélida de inverno. A fumaça transita pelo salão como se fosse mais um corpo presente, incitando o desejo alheio de saciar a fome.
O frio do inverno produz o esperado efeito de deixar suas mãos mais tremulas, porém ela insiste em olhar para a porta atenta a cada passo que entra, sente cada batida de seu coração em seu corpo inteiro, num ritmo inconstante, ela sabe que ele virá, mais ainda não sabe o que lhe dizer. Deseja tão somente que ele lhe olhe nos olhos para decifrá-los.
Então quando ela resolve desistir de ver seus passos e volta seus olhos tão somente à tela, que fiel lhe descreve todos os números que sua cabeça não produz, ele entra.
Passos largos, saltitantes, punho cerrado, expressão tão séria...
Então diante dos seus olhos, ele diz:
_ Bom dia!
Ela responde:
_ Bom dia!
Ele então pergunta:
_ Posso deixar meu casaco aqui com você?
Ela responde:
_ Claro eu guardo para o senhor. E quando ela pronuncia com todas as letras “senhor” ele retorna a olhar dentro de seus olhos com ar reprovador.
Ela levanta a cabeça e lhe olha novamente nos olhos.
Ele corresponde seu olhar com um sorriso nos lábios. Neste momento ela percebe que não o quer tão somente. Ele lhe corresponde o querer.
Ela suspira fundo, tentando equilibrar-se no salto que rapidamente arranca de seus pés, perdera o equilíbrio, a concentração, a força...
Ele passeia lentamente fazendo círculos em sua frente, até voltar bem rápido diante de seus olhos e pedir cuidadosamente:
_ Colocarei o meu celular para carregar aqui, você pode atender caso alguém ligue?
Ela responde um tanto assustada:
_ Claro! Mas o que devo dizer?
Ele prontamente esclarece:
_ Diga que não estou no momento, peça para deixar o recado.
Então ele se vai ligeiro, para infelicidade dela, sente-se segura com ele por perto!
Ela continua mecanicamente a digitar seus números, sua tela parece lentamente se transformar numa realidade paralela à sua. E assim algumas horas se passam, alguns sorrisos se vão, as conversas diminuem, os gritos se calam...
Fim do dia chega a hora de sua partida, é neste momento que ele entra pela porta...
Então ele caminha até a sua direção e pergunta:
_ Alguém ligou?
Ela responde:
_ Não!
Ele então abre a porta de seu balcão, entra para pegar o celular que ainda continua carregando, passa por trás dela, que pode neste momento sentir o calor de seu corpo.
Ele pega o celular, olha e percebe que há duas chamadas não atendidas. Então diz em alto e bom som:
_ Sua maluquinha há duas chamadas não atendidas, e você me diz que ninguém ligou?!
Ela cora! Seus lábios mal podem responder...
Então ele rapidamente percebendo seu desconcerto, emenda com outra frase, não precisa ficar preocupada, pois estou acostumado com o fato de que ninguém neste mundo me liga mesmo, disse isso quase desacreditado de que ela teria coragem de responder a altura.
Neste momento, ela busca em seu lado obscuro a resposta mais vigarista!
_ Bom, eu não posso te ligar, realmente, afinal, não tenho o seu número...
Ele se aproxima, e então quase sussurrando lhe diz seu número, e afirma desavergonhadamente:
_ Agora você pode!
Ela então lhe sorri como quem acaba de ganhar um troféu. Ele retribui o sorriso com a certeza do dever cumprido.
Agora ficaria tudo mais fácil, ambos teriam a certeza, o primeiro passo fora dado...
Eis o poder da persuasão, aproximar as pessoas que se permitem, que se desejam, que vencem a razão!
Apenas Persuasão!